Oi, me chamo Eliana. Tenho 13 anos. Sou filha adotiva de um casal gay. Na escola eu sofro
bulling, todo dia me xingam e me batem, mas eu não tenho culpa de nada. E as
palavras deles me atormentam dia e noite. Eu amo meus pais, mas porque não
tenho uma família normal?
Todo dia de manhã é a mesma coisa,
eu chego em casa roxa, meus pais me olham com uma cara, como se a culpa fosse
minha, eu sei que eles me amam, mas não demonstram isso ultimamente. Já se
mudamos cinco vezes, e já troquei de escola oito vezes, mas é sempre a mesma
coisa.
Hoje na escola, um grupo veio pra
cima de mim, e começou a dizer pra mim me matar, me socaram e me chamaram de
gorda, de feia, me chutaram eu sangrei muito. Quando cheguei em casa eu pensei
no que havia acontecido, e cheguei a conclusão que eu merecia isso.
Era noite, quando eu fui descer as
escadas pra jantar, meus pais estavam à mesa, eu sentei e comi, mas logo
lembrei dos meus colegas me chamando de gorda, corri para o banheiro e coloquei
o dedo na garganta, vomitei tudo. Meus pais foram correndo e me olharam com
cara de decepção.
Eu me senti sozinha, naquela mesma
noite, no escuro do meu quarto, eu peguei uma faca na cozinha e me automutilei.
Ouvir o barulho da faca rasgando minha pele como se fosse de papel, ver o
sangue escorrendo. Eu merecia isso. Eu merecia.
De manha tava um calor dos infernos,
e eu tive que ir de moletom, e shorts pra escola, ou para aquela tortura,
sofrer mais uma vez. Me chamaram de louca por estar com um moletom em pleno
verão, mas eu não liguei. Não ligava para mais nada. Me bateram e eu não
demonstrei emoção, nem dor.
Cheguei em casa e fui falar com meus
pais, falei tudo o que eu sofria, as palavras que me machucavam, mostrei meus
pulsos. Eles ficaram muito mal, eles se sentiram pais horríveis e começaram a
chorar e a pedir desculpas por não ter tomado atitudes. Eu os perdoei, eles
disseram que me amam muito, e que iam prestar queixa por preconceito.
Mais uma noite de sangue, eu havia
me acertado com meus pais, mas a escola tava na mesma, toda a dor que senti
naquela manha, foi descontada em meus pulsos. Não foi o suficiente, parti parar
as coxas. Manchei meu lençol, manchei meu pijama, mas não tinha problema, eu
precisava daquilo.
De manha, outro dia de muito calor,
eu de moletom e calça de abrigo. Partiu outra manha de tortura, cheguei na
escola de fininho, e vi o “líder” do grupo que me batia falando que o pai e a
mãe dele não o amavam, que a mãe era alcoólatra e o pai drogado. Isso foi uma
vantagem pra mim, porque ao menos eu tinha pais que me amavam.
Quando entrei na sala, o “líder”
enxugou as lágrimas dele, e veio pra cima de mim, mas não, eu me manifestei:
- Escuta aqui, Luís. Vai me bater
por quê? Vai descontar sua dor e raiva em mim? O que eu te fiz? Só porque meus
pais são gays? Mas quer saber? Eu tenho orgulho disso, pois eles são
guerreiros, eles passaram por preconceitos, eles sofreram muito, e eles merecem
ser feliz. E eles são. E outra, eu prefiro mil vezes ter dois pais que me amam,
do que ter uma mãe e um pai que estão nem aí pra mim. Prefiro, porque eu sou
feliz assim, eu tenho orgulho dos meus pais. ORGULHO.
Quando parei de falar todos meus
colegas me aplaudiram e Luís começou a chorar e saiu correndo, meus pais
estavam na porta me ouvindo falar, pois foram falar com a diretora do colégio,
eu olhei pra eles, e eles estavam vazando água.
Por isso, eu digo a vocês: se vocês
tem uma história como a minha, não fiquem calados sofrendo, busquem ajuda, e
fale. Não deixe os outros fazerem mal a você, eles não são melhores que você. E
quando achar que estará sozinha lembre-se de mim. Eu estarei com você, lhe
dando ajuda. Eu te amo, do jeito que você é. Seja feliz assim, com sua vida,
com sua família, seja ela do jeito que for.

Palmas, muitas palmas...
ResponderExcluirAmei, Leti♥♥♥♥♥ Acessa meu blog também?
Pf, te amo e vc sabe disso né?